Transformação digital no setor farmacêutico

A história do setor de saúde é pautada nos últimos 100 anos por progressos extraordinários baseados em ciência, tecnologia e inovação e também na transformação digital. As medidas mais óbvias deste progresso são a grande redução nas taxas de mortalidade infantil e a enorme expansão da expectativa de vida da população em praticamente todos os países. O que talvez seja novo neste cenário tem a ver com a enorme aceleração de algumas tendências, como a aplicação das ciências da computação e da transformação digital da saúde, em que o Brasil é o líder na América Latina.

O diretor de inovação e transformação Digital Pfizer Latam, Claudio Terra, que apresentou a palestra “Engajamento de valor na era digital”, durante o 4ª edição Global Summit Telemedicine & Digital Health, em São Paulo, explica que os recentes avanços contribuem ainda mais com a população, pois propiciam que medicamentos mais inovadores, especializados e até mesmo personalizados, sejam desenvolvidos em prazos muito mais curtos, e porque a digitalização e consumerização do acesso à informação de saúde, de bem-estar e cuidados em geral proporcionam o acesso mais democrático e assimétrico, tornando o paciente e o cidadão muito mais empoderados.

“O digital e a ciência da computação, de maneira mais ampla, já têm um impacto em toda a cadência de valor do setor farmacêutico e tanto os pacientes, como os profissionais de saúde, já utilizam o digital como parte do seu dia a dia no cuidado da saúde. Em função deste cenário, as indústrias farmacêuticas têm desenvolvido diversas formas de engajamento digital, de duas vias, com estes públicos, levando tanto conteúdo de valor, como serviços virtuais que trazem conveniência, assim como velocidade de resposta às necessidades desses públicos”, esclarece Terra.

Para ele, essa troca de valor é quando os medicamentos e o conjunto de informações, conteúdos e serviços têm um impacto positivo na saúde da população. E o mundo digital, com a emergência de inúmeras plataformas acessadas por profissionais de saúde e/ou pacientes têm o potencial de tornar este engajamento muito mais eficiente, personalizado e conveniente. “Debater estratégias, tipos de parcerias e de desafios que podem ser superados por meio de engajamentos de valor nos parece central para este cenário muito mais digital, muito mais transparente e muito mais data-driven”, destaca Terra.

Transformação do sistema

O presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, que também esteve no Painel Nacional 2, do GS2022,  com a palestra “Liderando a transformação na saúde – Papel da farmácia”, disse que a tecnologia e a inovação são elementos fundamentais para a transformação do sistema de saúde.

“Temos empresas em diferentes pontos da jornada, mas o uso intensivo de tecnologia é a melhor resposta para o abandono ao tratamento crônico, que ainda é absurdo no Brasil. Com o uso de dados, podemos estar um passo à frente do paciente, percebendo a mudança do uso e estimulando a adesão ao tratamento, seja por meio de gamificação, abordagem direta do sistema ou pelo profissional de saúde envolvido. Podemos pensar em sistemas de assinaturas, em mais prevenção e menos agravos, e, como consequência, menos custos para o sistema como um todo”, ressalta Barreto.

Ele revela que as redes associadas à Abrafarma realizam 960 milhões de atendimentos/ano e o volume de vendas foi de R$ 72 bilhões nos últimos 12 meses. Porém, as transações digitais representam menos de 10% dos negócios. Portanto, há um longo caminho a ser percorrido. “Durante a pandemia, as farmácias foram ainda o primeiro local de acolhimento e encaminhamento de milhões de pacientes ao sistema de saúde. Foi aqui que aconteceu o primeiro front de batalha”, constata o presidente da Abrafarma, para quem o Global Summit é a oportunidade de juntar ideias e debater sobre elas, pois é assim que transforma a jornada do paciente.

Avanços

Na opinião do diretor de Inovação e Tecnologia Digital da Novo Nordisk, de Joost Wolfs, que fez a palestra “Transformação digital no mercado farmacêutico”, no Painel Nacional 2, no GS2022, comparando com outras indústrias B2B, o setor farmacêutico está avançando bem, com um modelo cada vez mais híbrido (presencial e digital) na interação comercial e na educação médica.

“Eu diria que temos muito para melhorar, mas estamos com o caminho bem desenhado, pois a transformação digital está muito atrelada a como capturar e tratar dados, que geram mais conhecimento e entendimento sobre o individual e suas necessidades. Porém, também traz o desafio de manter as informações seguras e organizadas”, aponta Wolfs.

O executivo ainda salienta que a digitalização traz acessibilidade, algo muito importante para um sistema de saúde funcionar. E que a telemedicina facilita o acesso de pacientes com seus médicos, evita custos desnecessários, tempo perdido, traz saúde e cuidados por dentro do conforto da sua casa, ou de qualquer lugar que se precisar. (Fonte: Portal Guia da Farmácia)

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